Estudo sugere que ter 100% em ações para aposentadoria pode ser questionável

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Recentemente, a revista Economist reacendeu o debate sobre a viabilidade de investir todas as economias ou poupanças em ações.

Com menos de dois meses transcorridos em 2024, o ano já se mostrou favorável para os investidores da bolsa, com o índice S&P 500 (SPXUSD) das grandes empresas americanas subindo 6% e ultrapassando os 5.000 pontos pela primeira vez, impulsionado pelo entusiasmo em torno de gigantes da tecnologia como Meta (META; M1TA34) e Nvidia (NVDA; NVDC34).

O Nikkei 225 (NKY) do Japão também está próximo de atingir seu próprio recorde, estabelecido em 1989, levantando a questão: seria sensato apostar 100% das suas economias em ações?

Um estudo recente argumenta a favor de uma carteira composta exclusivamente por ações, indo de encontro aos conselhos tradicionais que recomendam uma mistura de ações e títulos de dívida. Os acadêmicos Aizhan Anarkulova, Scott Cederburg e Michael O’Doherty, autores do estudo “Long-Horizon Losses in Stocks, Bonds, and Bills”, defendem que uma carteira totalmente composta por ações, metade americana e metade global, provavelmente superará uma abordagem diversificada, com base em dados que remontam a 1890.

Além disso, o debate sobre a alocação de capital não se limita apenas aos investimentos tradicionais. Ian Ayres e Barry Nalebuff, da Universidade de Yale, propõem que os jovens contraiam empréstimos para investir em ações, aproveitando-se do efeito agravado a longo prazo do crescimento do capital, antes de diversificar mais tarde na vida.

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Entretanto, a história dos mercados financeiros é relativamente curta, o que dificulta fazer previsões precisas sobre o desempenho futuro das ações. A maioria das investigações utiliza períodos contínuos que se sobrepõem reciprocamente para criar pontos de dados, mas isso reduz a independência estatística dos resultados.

Além disso, análises recentes questionam a superioridade das ações sobre outras opções de investimento, como demonstrado por Edward McQuarrie, da Universidade de Santa Clara, que conclui que as ações não tiveram um desempenho consistentemente superior ao dos títulos entre 1792 e 1941.

A ideia de basear decisões de investimento em dados de séculos passados pode parecer absurda para alguns, dada a evolução das finanças ao longo do tempo. A incerteza em torno do futuro dos mercados financeiros também adiciona uma camada adicional de desafio para os investidores.

Embora alguns defensores da diversificação possam achar difícil manter uma abordagem cautelosa quando as ações estão em alta, a história financeira oferece argumentos para que se mantenha uma postura equilibrada. A falta de evidências recentes sobre os retornos relativos e as incertezas sobre o futuro dos mercados indicam que uma alocação de 100% de capital em ações pode não ser tão sólida quanto sugerem alguns estudos.

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